Corri para o banheiro. Descobrei o paninho. Um lenço de homem que nem meu vô usava. Meu sangue desenhou padrões que nem aqueles pra ver se uma pessoa é normal ou não. Será que esse teste tem base científica? Eu sempre me pergunto isso. Acho que daqui a umas décadas vão chamar isso de pseudociência. Não só o teste mas essa idéia mesmo de normalidade. Meu paninho colapsa. Tempo, espaço, eu, nós. E eu colapso com ele. Em maio de 2025.
Clarissa Reche. É artesã, designer, educadora e pesquisadora transdisciplinar, habitando a fronteira entre ciência e arte. Atua no campo de estudos sociais das ciências e tecnologias. É pesquisadora em Jornalismo Científico (FAPESP) do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (NUDECRI, Unicamp), trabalhando junto com a Rede de Antropologia Feminista da Ciência e da Tecnologia. É doutora em Ciências Sociais (IFCH-UNICAMP), mestre em Culturas e Identidades Brasileiras (IEB/USP), bacharel em Design Industrial (Mackenzie/ProUni), e Ciências Sociais (FFLCH/USP). Faz parte da equipe do podcast de antropologia Mundaréu (Unicamp/UnB), trabalhando como pesquisadora, produtora e roteirista. Desenvolve pesquisas sobre produção de conhecimento em áreas como biologia sintética e antropologia, e interessa pelas interfaces entre corpo, biologia, tecnologia, cultura, formas expressivas, ética e conhecimento, dialogando com críticas feministas e decoloniais. Acredita que todo conhecimento passa pelas pontas dos dedos.
Revista Sangro
Labirinto, Labjor, Unicamp
Junho de 2025