Brasil, amor e fúria: ocupando o bicentenário da independência

Independência para quem? Tal pergunta permeou as reflexões e as discussões feitas por mim e pelos meus colegas de pesquisa Jacqueline de Campos Medeiros e Kris Herik de Oliveira, junto com a nossa professora e orientadora Daniela Tonelli Manica, que nos convidou para o desafio de repensar a nossa história em uma escrita coletiva. Nas tardes das sextas-feiras dos meses de setembro e outubro do ano passado, em modo virtual, nos reunimos – cada um em uma cidade paulista – para escrevermos um artigo para a edição especial sobre o Bicentenário da Independência do Brasil na Revista Brasileira de Educação Básica (RBEB).
Como o próprio nome sugere, a RBEB publica textos que estejam relacionados a qualquer área ou dimensão da educação básica. Ir além dos já conhecidos eventos de 1822 e problematizar as histórias silenciadas dos últimos 200 anos foi a proposta da chamada pública para essa edição especial. “As narrativas sobre as Independências são múltiplas, bem como as pessoas que as protagonizam e, por isso, neste número especial queremos discutir as (Inde)pendências que estão nas escolas e reverberam em nossas práticas sociais cotidianas”, informava o edital.
Como abordar com as(os) estudantes, na Educação Básica, os lugares das mulheres, dos indígenas, dos negros, das pessoas com deficiência, dos povos ribeirinhos nos 200 anos de independência do Brasil? Para pensar as diferentes narrativas sobre o acontecimento histórico, a nossa proposta de trabalho para sala de aula foi estabelecer um diálogo com o filme de animação “Uma história de amor e fúria”, de Luiz Bolognesi (2013). Acreditamos que a junção do cinema com a educação tem o objetivo de problematizar as questões coloniais e racistas, bem como as desigualdades sociais que atravessam a formação do país. Assim nasceu o artigo Cinema decolonial e antirracista na escola com o filme “Uma história de amor e fúria”.
No resumo do texto, explicamos que o roteiro e a animação das personagens apresentam a ficção especulativa como ferramenta de reflexão crítica e criativa, ao mesmo tempo que indicam respostas para a pergunta: “independência para quem?”. Pensando nas potencialidades do longa-metragem na sala de aula para o ensino básico, propomos algumas estratégias de intervenção didático-pedagógicas com os quatro tempos nos quais a trama se desenvolve: a colonização em Guanabara (1566), a Balaiada no Maranhão (1838), a ditadura civil-militar no Rio de Janeiro (1968-1980) e o futuro no Rio de Janeiro (2096).
A vontade de contar mais é muita, mas não vamos dar spoiler do texto nem do filme. Por isso convidamos você para ler o artigo e assistir ao longa-metragem e, quem sabe, reproduzi-los na sala de aula ou em rodas de conversas com jovens estudantes. É revistando atentamente o passado que compreendemos o presente e, assim, preparamos um futuro melhor.
A publicação, contendo 12 artigos e produtos audiovisuais, ficou pronta para a data comemorativa de 7 de setembro e foi lançada no dia seguinte em um evento online com a presença de autoras e autores dos artigos e audiovisuais, além de editoras e editores da publicação. A professora Daniela Tonelli Manica nos representou contando um pouco sobre o nosso processo de trabalho e o conteúdo do texto. O evento de lançamento está disponível no canal do Youtube da revista.

 

Descrição da imagem: Cidade do Rio de Janeiro em 2096 com estátua do Cristo Redentor parcialmente destruída. Créditos da imagem: Filme “Uma história de amor e fúria”, de Luiz Bolognesi (2013).

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