Eleições 2022: números (bons e ruins) para as mulheres

No próximo domingo, dia 2 de outubro, acontecerá o primeiro turno das Eleições 2022 no Brasil. Presidenta(e) da República, Governadoras(es), Deputadas(os) Federais, Deputadas(os) Estaduais e Senadoras(es) são os cargos disputados. Ao que tudo indica essas Eleições podem ser as mais disputadas desde a redemocratização do país. Um eventual segundo turno já está marcado para o dia 30 de outubro.
Neste post há números importantes: uns são bons e outros ruins. Eles estão aqui em destaque para nos fazer refletir o quanto as mulheres já avançaram dentro de espaços de poder dominados pelos homens brancos. E também o quanto, infelizmente, ainda a violência política de gênero se faz presente no cenário político brasileiro. Vamos aos números e às reflexões!
A decisão de quem vai ser eleita(o) está literalmente nas mãos de 53% de mulheres (sim, somos maioria!) e de 47% de homens que formam o eleitorado brasileiro no país e também no exterior. A primeira boa notícia é que nós, mulheres, podemos fazer a diferença no resultado das urnas.
Como votantes, as mulheres são maioria. Mas como candidatas a cargos políticos, elas estão longe dos homens. Os números das Eleições 2002 mostram que 34% das candidaturas são de mulheres (9.890) e 64% de homens (19.347). Apesar da diferença gritante nesses números, aqui temos uma segunda boa notícia. Em comparação com as Eleições 2018, o número de mulheres candidatas cresceu um pouco e o de homens diminuiu um bocadinho.

 

 

Das 29.261 candidaturas registradas, 50,24% são de pessoas pretas e pardas e 48,19% de pessoas brancas. Essa é a terceira boa notícia. Enfim, o Brasil vai se mostrando como de fato ele é: diverso. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não informa o gênero dessas pessoas. É uma pena, já que numa perspectiva feminista antirracista, poderíamos quantificar também o número de mulheres negras participantes como candidatas. E elas são muitas!

 

 

Idade não é empecilho para se candidatar a cargos políticos e os números dessas eleições provam isso. Do total de candidaturas, pessoas de 18 anos até 94 anos compõem a pirâmide etária. É interessante observar que, nas faixas de 18 a 20 anos, há só mulheres candidatas, totalizando cinco. E na faixa dos 90 aos 94 anos, só tem três homens. Voltando aos mais novos, na faixa de 21 a 24 anos, a disputa é acirrada, somando 167 mulheres e 168 homens. O mesmo se repete na faixa de 25 a 29 anos, totalizando 510 homens e 469 mulheres. O fato é que a juventude quer, de fato, participar da política. O maior número de mulheres candidatas está na faixa dos 40 aos 44 anos (1612) e, no caso dos homens, está na faixa dos 45 aos 49 anos (3.207).

 

 

Quanto ao grau de instrução, a maioria das(os) candidatas(os) registrou ter ensino superior completo. Aqui também o TSE não informou por gênero e tampouco a classe social das(os) candidatas(os). Com esses dados seria possível pensarmos a situação das mulheres no contexto educação, tão fundamental no nosso país.

 

 

Agora os números são bem desagradáveis, mas precisamos divulgá-los para tentar revertê-los o quanto antes. Compartilho e reproduzo aqui alguns dados levantados pelo MonitorA Eleições 2022, projeto da AzMina em parceria com a InternetLab e Núcleo Jornalismo. Nesta edição da pesquisa, o MonitorA acompanhou perfis de 175 candidatas a cargos eletivos. Foram analisados manualmente mais de 10 mil tweets coletados entre 17 e 22 de agosto, contendo 4.468 ataques e/ou insultos dirigidos a 97 candidatas.
Segundo a apuração, na primeira semana de campanha, o MonitorA 2022 registrou 518 aparições de termos como louca, doida, maluca, desequilibrada, histérica e descontrolada relacionados às candidatas nas redes sociais. Confira aqui a pesquisa completa publicada em matéria no site Azmina.
Infelizmente, a violência política de gênero não é de hoje e o assassinato da vereadora Marielle Franco (ainda não solucionado) nos lembra todos os dias o quão perigoso é para uma mulher ocupar um cargo político no Brasil. Mas as 9.890 mulheres candidatas nessas eleições nos mostram que desistir não é uma opção e que a luta continua!

 

 

Legenda da imagem no abre: Mulheres seguram cartazes que formam a palavra VOTE. Créditos da imagem: https://br.pinterest.com/pin/221309769177686348/
Fonte de gráficos internos sobre candidaturas: TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
Fonte de gráficos internos sobre misoginia: MonitorA Eleições 2022, projeto da AzMina em parceria com a InternetLab e Núcleo Jornalismo.

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