“Equidade já!”: 01/12 – Dia Mundial da Aids

O Dia Mundial da Aids, celebrado em 1º de dezembro, foi a primeira data instituída internacionalmente para a saúde global pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), em outubro de 1988. Todos os anos, a data tem como objetivo chamar a atenção para a infecção por HIV e os casos de aids como uma realidade global, bem como demonstrar apoio às pessoas que convivem com o vírus e em memória de todas aquelas que morreram em decorrência da doença.
O laço de cor vermelha é o símbolo universal dessa causa, criado em 1991, pelo coletivo de artistas Visual Aids. Como forma de homenagem a amigos e parentes que faleceram ou estavam adoecendo de aids, o design do laço teve como inspirações o sangue e a paixão. Cabe lembrar que, naquele momento, a terapia antirretroviral de alta eficácia ainda não estava disponível. Somente em 1996 houve o consenso científico sobre a eficácia da nova classe de medicamentos, tornando possível a queda no número de morte por aids e garantindo a qualidade de vida para as pessoas que vivem com HIV.
No mesmo ano, no Brasil, a Lei nº 9.313 estabeleceu a distribuição gratuita da medicação via Sistema Único de Saúde. Essa ação colocou o país em um lugar de destaque no cenário global de luta contra o avanço da pandemia. Também no Brasil, o Dia Mundial da Aids incentivou a criação do “Dezembro Vermelho”, uma campanha nacional instituída pela Lei nº 13.504/2017 de prevenção ao HIV/aids e outras infecções sexualmente transmissíveis.
Apesar dos avanços biomédicos nos campos da prevenção, diagnóstico e tratamento à infecção por HIV, as desigualdades estruturais dos países atravessam diretamente a pandemia. Dados da UNAIDS (2021) e do Ministério da Saúde (2020) ajudam a compreender a sua extensão e características gerais:

  • 84,2 milhões de pessoas foram infectadas por HIV e 40,1 milhões morreram por doenças relacionadas à aids desde o início da epidemia;
  • 38,4 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com HIV – 54% são mulheres e meninas;
  • 1,5 milhão de pessoas têm se infectado com o vírus e 650 mil morrido por doenças relacionadas à aids anualmente;
  • Entre as pessoas que conhecem o seu status para HIV, 28,7 milhões têm acesso à terapia antirretroviral;
  • No Brasil, cerca de 920 mil pessoas vivem com HIV – 89% foram diagnosticadas, 77% fazem tratamento com antirretroviral e 94% das pessoas em tratamento não transmitem o HIV por via sexual por terem atingido carga viral indetectável;
  • A população negra constitui o maior número de pessoas vivendo com HIV, também é a mais vulnerável à infecção e a morrer por complicações da aids;
  • Durante os últimos dois anos, pontuados pela covid-19 e outras crises globais, o progresso da resposta à pandemia da aids tem falhado e os recursos têm diminuído.

Tendo em vista as muitas camadas de desigualdade e os desafios que se impõem, falar de HIV e aids é uma ação necessária. Por isso, segundo a UNAIDS, a mensagem a ser propagada este ano no Dia Mundial da Aids é “Equidade já!”.
Esta luta não diz respeito somente às pessoas que conhecem o seu diagnóstico ou àqueles grupos classificados como “população-chave” pelas instituições internacionais – homens gays e outros homens que fazem sexo com homens, pessoas trans, pessoas que fazem uso de drogas, profissionais do sexo e pessoas em privação de liberdade. Trata-se de uma luta coletiva pela disponibilidade, qualidade e adequação dos serviços, para o tratamento, testagem e prevenção do HIV, contra o preconceito e a discriminação. Esta é uma luta pela dignidade da pessoa humana e pela vida.

Legenda da imagem: Cartaz da campanha para o “Dia Mundial da Aids” da UNAIDS, em 2022. O cartaz traz a mensagem “Equidade já!” e contém ilustrações (nas cores azul, verde, laranja e rosa) de um coletivo diverso de pessoas levantando placas com diferentes frases, tais como: “Tratamento para todas as pessoas”; “Não deixar nenhuma criança para trás”; “Pessoas antes do lucro: compartilhamento de tecnologia médica”; “O amor é amor”. Créditos da imagem: Facebook da UNAIDS Brasil

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