Roda Viva 2020/2021: em 91 programas apenas 12 cientistas foram entrevistadas(os)

Margareth Dalcolmo: pneumologista, pioneira no tratamento de doentes do Covid-19 no Brasil e coordenadora do ambulatório do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Átila Iamarino: biólogo e pesquisador brasileiro especializado em virologia. Natalia Pasternak: microbiologista e a primeira brasileira a integrar o Comitê para Investigação Cética (CSI, na sigla em inglês), criado pelo astrofísico norte-americano Carl Sagan. Dimas Covas: presidente do Instituto Butantan e professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. Denise Garrett: infectologista, ex-integrante do CDC (Centro de Controle de Doenças) do Departamento de Saúde dos Estados Unidos e atual vice-presidente do Sabin Vaccine Institute, em Washington. Drauzio Varella: oncologista, escritor e pesquisador brasileiro. Elas e eles são alguns dos cientistas que marcaram presença no centro do Roda Viva em 2020, ano de surgimento do vírus Covid-19 no Brasil.
O Roda Viva, programa tradicional de entrevistas – transmitido uma vez por semana, há 35 anos, pela TV Cultura de São Paulo para milhares de brasileiras (os) – cumpriu com seu propósito de promover o debate sobre os temas de interesse do País e da nossa população. Por meio do canal de televisão e das mídias sociais, as(os) pesquisadoras(es) convidadas(os) e sabatinadas(os) por bancadas de entrevistadoras(es) especialistas em ciência explicaram o que é o coronavírus, modos de transmissão, como pode ser evitado, esclareceram as informações mentirosas (fake news), trouxeram dados sérios sobre a doença, debateram sobre o avanço das vacinas e, principalmente, mostraram que a Ciência proporciona conhecimentos de extrema importância para o mundo e seus habitantes.
A ilustre turma citada no primeiro parágrafo sentou na cadeira onde já estiveram Elis Regina, Fidel Castro, Nélida Piñon, Grande Otelo, José Saramago entre tantas outras pessoas importantes vindas de áreas diversas e de diferentes partes do mundo. É para comemorar? Sim e não! A resposta é sim porque houve um avanço no número de cientistas convidadas(os) se comparado com 2019 quando apenas dois médicos (um gerontólogo e outro sanitarista) e um climatologista participaram do programa. Com o trio, foi tudo o que se viu e falou de Ciência durante todo o período. E a resposta é não também porque dos 51 programas exibidos em 2020, apenas sete cientistas ligados à área de saúde foram convidadas(os) para o centro da roda.
Em 2021, ano do início da vacinação para combate ao Covid-19 no Brasil, os números não são expressivos, embora as(os) pesquisadoras(os) convidados sejam. De 4 de janeiro a 4 de outubro deste ano, dos 40 programas em apenas três deles, cientistas foram entrevistadas(os). A primeira entrevista de 2021 aconteceu com o estadunidense David Quammen, escritor, jornalista e divulgador científico. Ele é o autor do best-seller “O Contágio”, publicado em 2012 nos Estados Unidos, que alertou, com antecedência, sobre a pandemia do novo coronavírus. Dois meses depois, no dia 15 de março, o programa fez o Especial sobre vacinação no âmbito da pandemia de Covid-19 com os epidemiologistas Pedro Hallal e Carla Domingues, além de Cristiana Toscano, única integrante sul-americana da Iniciativa Global pelas Vacinas da Organização Mundial da Saúde. E, recentemente, no dia 4 de outubro a convidada para o centro do Roda Viva foi a médica e pesquisadora brasileira Sue Ann Costa Clemens. Ela é professora na Universidade de Oxford e coordenou os testes do imunizante da AstraZeneca/Oxford no Brasil. Sue Ann também é chefe do Comitê Científico da Fundação Bill e Melinda Gates nos Estados Unidos.
O Brasil possui centenas de cientistas excelentes e renomados internacionalmente, inclusive. Gente capacitada e disposta para sentar no centro da roda para esclarecer sobre a pandemia de Covid-19 é o que não falta. Afinal, a doença está aí e ainda não acabou. Nós, como brasileiras(os) e pesquisadoras(es), desejamos que nos meses restantes deste ano e que em 2022 a Roda Viva possa girar mais para o lado da Ciência!
Em tempo: De acordo com dados fornecidos pelas Secretarias Estaduais de Saúde (desde o primeiro caso registrado em território brasileiro, em fevereiro do ano passado, até esse mês de outubro), o país chegou à triste marca de 598.829 pessoas mortas. No mundo, o vírus foi detectado em dezembro de 2019 na China e desde então a OMS (Organização Mundial da Saúde) informa que 4,6 milhões perderam a vida para a doença infecciosa causada pelo vírus SARS-CoV-2.

 

Legenda ou descrição da imagem: Margareth Dalcolmo, Denise Garrett e Dimas Covas no centro do Roda Viva “A Corrida da Vacina” em 14 de dezembro de 2020

Créditos da imagem: Reprodução de imagem do programa transmitido na na página do Roda Viva no Youtube

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