25 de julho é o Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha

Há 30 anos, no dia 25 de julho de 1992, as ativistas, mulheres, negras, latinas e caribenhas se reuniram no 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, que aconteceu em Santo Domingo, na República Dominicana. Unidas, decidiram que a data deveria ser lembrada não só naquele momento, mas em todos os anos como o Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha. Um marco significativo na vida delas e de todas as mulheres negras das próximas gerações. Portanto, é tempo de lembrar e comemorar!
Durante seu primeiro governo, a Presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 12.987/2014 que instituiu o Dia 25 de Julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma inspiradora líder quilombola, que viveu durante o século 18. Prestemos atenção que foi somente com a chegada da primeira e única mulher governante do Brasil que Tereza de Benguela e todas as demais mulheres negras brasileiras receberam oficialmente o devido reconhecimento e homenagem.
E, por falar em política, observando apenas o histórico da América Latina com as mulheres negras como chefas de Estado, percebe-se um quadro nada igualitário. No total, até os dias de hoje, a América Latina já teve 13 Presidentas. Entre os 21 países (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela) que pertencem ao bloco, 11 já foram governados por mulheres eleitas ou interinas. Nesse cenário, somente a Argentina e a Bolívia tiveram duas mulheres ocupando o cargo de chefas de Estado, os outros países tiveram apenas uma. Dessas 13 mulheres, quantas eram negras? Apenas Ertha Pascal-Trouillot, Presidenta interina no período de 1990 a 1991 no Haiti.

 

Da esquerda para direita: Epsy Campbell Barr,Ertha Pascal-Trouillot e Francia Márquez.

Porém, constante e resistente é a luta histórica das mulheres negras contra uma sociedade estruturalmente racista, machista, classista, homofóbica entre outras tantas formas de opressão. Recentemente celebramos uma vitória. No último dia 19 de junho, no mês passado, a colombiana Francia Márquez, ex-empregada doméstica, feminista, advogada e ativista dos direitos humanos e ambientais se tornou a primeira vice-Presidenta – mulher e negra – da Colômbia na chapa do progressista Gustavo Petro, Presidente eleito.
“Obrigado, Colômbia, por esse momento histórico. Quero agradecer a todos os colombianos e colombianas que deram a vida por esse momento. A todos os nossos irmãos e irmãs, líderes sociais, que tristemente foram assassinados nesse país, a juventude que foi assassinada e desaparecida, às mulheres que foram violentadas e desaparecidas. Agradecemos a eles por terem jogado as sementes da esperança e da resistência”, disse emocionada Francia Márquez em seu discurso após a vitória.
Antes de Francia, Epsy abriu um caminho sem volta. Em 2018, Epsy Campbell Barr tornou-se a primeira mulher e negra a assumir a Vice-presidência da Costa Rica e também de um país latino-americano. Ertha, Francia e Epsy representam aqui, linda e corajosamente, todas as mulheres negras latinas e caribenhas. Que todos os dias sejam 25 de julho!

 

Legenda da imagem: Epsy Campbell Barr (à esquerda), vice-Presidenta da Costa Rica e Francia Márquez (à direita), vice-Presidenta da Colômbia. Créditos da imagem: Instagram de Francia Márquez (@franciamarquezm) e de Epsy Campbell Barr (@epsycampbell)

 

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