Dia Mundial para Conscientização sobre Saúde e Higiene Menstrual

No dia 28 de maio é celebrado o Dia Mundial da Higiene Menstrual. Criada em 2014, pela ONG alemã WASH United, a data visa promover ações para conscientização e educação sobre menstruação. Essa data é uma representação simbólica dos dias médios do ciclo menstrual (28) e da menstruação (5). Também em 2014, a ONU reconheceu a legitimidade de mudanças no acesso a produtos de higiene para a menstruação como um direito humano e como uma questão de saúde pública. Assim, a pauta da dignidade menstrual ganhou força política. O relatório da UNICEF/UNFPA-2021 sobre pobreza menstrual levantou o debate sobre a vulnerabilidade financeira feminina, expressando preocupação com a evasão escolar de adolescentes em período menstrual. A longo prazo, a ausência frequente nas aulas pode adicionar um peso à desigualdade de gênero e permanência na pobreza.  No Brasil, a maior parte das pesquisas sobre o tema ainda acontecem nos limites prescritos pelo tabu ao sangue menstrual ou pela sua vinculação ao controle de natalidade. Em paralelo, observamos o surgimento do ativismo menstrual e da ginecologia política, natural e autônoma buscando dialogar a respeito da importância do (auto)conhecimento dos ciclos menstruais.  No cenário nacional foi promulgada, em 18 de março, a lei 14.214/2021 de Proteção e Promoção de Saúde Menstrual determinando a distribuição gratuita de absorventes para estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino, mulheres encarceradas ou em situação de rua entre 12 e 51 anos. Entre os impasses para melhorar as condições de higiene menstrual estão as dificuldades de mulheres em extrema pobreza ao acesso ao saneamento básico e água de qualidade. Apesar das especulações e questionamentos possíveis ao termo “pobreza menstrual”, o que tem sido feito é o suprimento material para higiene menstrual, direcionado pelos governos, na tentativa de diminuição da pobreza material dessas mulheres. Pensarmos melhorias nas condições de saúde exige a mudança de paradigmas a respeito da menstruação e isso acontece a partir da elaboração de uma pauta institucional sobre educação menstrual para além das questões infraestruturais. Assim, o ativismo menstrual desenha uma nova postura social onde o conhecimento sobre o ciclo menstrual, associado às políticas públicas, redireciona a abordagem sobre a importância dos direitos sexuais e reprodutivos como ponte para educação menstrual. Esse movimento desvela antigos significados sobre a menstruação, então associada à dor e à falta de higiene, e ressignifica o olhar direcionando-o a uma experiência mais saudável com o ciclo menstrual.

 

Legenda da imagem: mapeamento pessoal da autora sobre seus ciclos menstruais. Créditos: Naedja Vieira.

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