O bordado como introspecção, arte e resistência

No dia 28 de abril nos reunimos para uma oficina de bordado livre, pensando na prática como um momento de relaxamento e introspecção e como aliar a arte à pesquisa. Cada integrante do Labirinto propôs um desenho, que poderia ser baseado em imagens já existentes, colagens, fotografias de família, logotipos ou na própria pesquisa que desenvolvem. A partir desse desenho, comumente chamado de risco para bordar, começamos a prática em si.
A partir de um dos pontos mais básicos do bordado, o ponto atrás, fizemos diversas reflexões sobre nosso cotidiano, sobre o que a prática artesanal carrega (principalmente quando associada às mulheres) e sobre nossos momentos de pausas que são cada vez mais mediados por telas. Os pontos não são somente práticos, eles imprimem muito de quem está a bordar. Alguns começam com fios mais curtos e fazem pontos menores, quase simétricos. Bordam em silêncio. Outros separam fios longos e de diversas cores e os unem, criando uma nova cor; bordam conversando sobre como foi a viagem até a Unicamp, o que fariam depois da oficina, em que momento da pesquisa estão.
Há também os momentos em que todos param de falar, parece até combinado. Estão tão imersos em suas mãos, na agulha e na linha que não veem necessidade de se comunicar com a fala. Entram em um estado de quase transe. É em um desses momentos que Fernando traz o texto “O avesso da imagem”, de Marcela Vasco. Nele, ela diz que “bordar é um jogo entre aquilo que se dá a ver e aquilo que se esconde”. Esse jogo vale não só para o bordado físico, mas também para aquilo que nós temos em nós e ora mostramos, ora escondemos. Ora dizemos, ora observamos.”

Confira abaixo alguns registros da oficina e das produções realizadas.

 

Legenda da imagem de capa: A oficina foi realizada na Praça da Paz, na Unicamp. créditos: Fernando Camargo.

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