Todo dia é 8 de março de 2022

O dia 8 de março é a data comemorativa para o que ficou designado como Dia das Mulheres. Trata-se, sem dúvidas, de uma data muito importante para todas nós, mulheres, lembrarmos, de novo, o óbvio: de que somos gente. Precisamos usar essa ocasião para reivindicarmos nossos direitos e manter os que já conquistamos porque eles não são intocáveis. No calendário de 2022 todo dia é 8 de março, ou seja, dia de cada mulher lutar por si e por todas as demais mulheres no mundo. Seguem alguns exemplos do que já estamos enfrentando e do que virá pela frente.
No último dia 24 de fevereiro a Rússia e a Ucrânia entraram em guerra, tendo como uma das principais razões a expansão da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) pelo Leste Europeu. O que se vê? Milhares de mulheres fugindo da zona de guerra com suas crianças. Algumas delas sendo carregadas ainda no ventre e outras carregadas no colo. Mulheres parindo filhas e filhos em lugares precários e ao som de bombardeio. Como se não bastasse todo o sofrimento de uma vida devastada por causa da ambição desmedida de homens poderosos, as mulheres ainda sofrem com a misoginia. Um recente episódio repugnante teve como protagonista o deputado estadual paulista Arthur do Val, do Partido Podemos, conhecido pelo apelido de “Mamãe Falei”. Ele viajou à Ucrânia para “prestar solidariedade” aos refugiados. De lá, ele enviou áudios com declarações machistas a um grupo de amigos. As mensagens vazaram e nelas ouvimos algo como: “As ucranianas são fáceis porque são pobres”. Uma nova luta começa agora para conseguirmos cassar o mandato de um homem eleito que viaja para fazer turismo sexual.
Graças aos brilhantes trabalhos de muitas cientistas e pesquisadoras no Brasil e no mundo, atualmente o número de mortes em função da pandemia de Covid-19 vem diminuindo. As vacinas salvaram e salvam vidas. Porém, não podemos esquecer que as mulheres mães e/ou cuidadoras continuam sobrecarregadas com suas jornadas triplas de trabalho, de estudo e de dona do lar. É sobre os corpos da maioria das mulheres que recaem toda a responsabilidade de dar conta de todos os aspectos da vida familiar. São elas que estiveram e ainda estão na linha de frente em 2022.
O próximo dia 2 de outubro precisa ser muito dia 8 de março. Nesta data, eleitoras e eleitores vão às urnas para escolher a(o) Presidenta(e) do Brasil, as(os) governadora(es) dos estados, senadoras(es), deputadas(os) federais e estaduais. Se houver segundo turno será dia 30 de outubro. Há 90 anos nós, mulheres, conquistamos o direito de votar aqui no Brasil. Décadas depois conquistamos o direito de sermos votadas. Tanto de um lado quanto do outro, ainda precisamos reagir. “Bolsonaro deixou as mulheres ao relento. Mas isso vai mudar”, afirmou a Presidenta Dilma Rousseff em recente entrevista ao periódico Focus. O chamamento da única mulher Presidenta do Brasil é fundamental para nós virarmos essa “página infeliz da nossa história” escrita por esse atual governo, inimigo das mulheres. “As mulheres hoje têm um nível de consciência de que para romper com as questões relativas à violência de gênero, é preciso ter presença nos parlamentos”, disse Dilma Rousseff, que sofreu o golpe parlamentar em 2016, tendo como um dos motivos o simples fato de ser uma mulher ocupando o cargo hierárquico mais alto em uma nação.
Não é exagero dizer que precisamos encarar todos os 365 dias de 2022 como se fosse 8 de março. Devemos ter em mente que a nossa luta é diária e constante. Lutemos, companheiras!

 

Legenda da imagem: A nossa luta é diária e constante: “Mulheres do mundo, uni-vos!”
Crédito foto: Zafik Mo / Vecteezy.com

 

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