Escutar (n)a universidade

No dia 2/12 de 2021, realizamos o último encontro do ano do Laboratório de Estudos Socioantropológicos sobre Tecnologias da Vida – Labirinto. Antes desse, todas as nossas reuniões do ano aconteceram de forma virtual, pois a situação sanitária do país, consequência da pandemia de Covid-19, não permitia ainda encontros presenciais. Tivemos esse privilégio de nos protegermos através da tela. Com a (inter) mediação dessas telas de computador/celulares, discutimos nossas pesquisas, artigos e livros, realizamos oficinas, trocamos ideias, referências, angústias e muito carinho. Mas, com a melhoria das condições sanitárias do país e, respeitando todos os protocolos de saúde, realizamos nosso último encontro do ano de forma presencial. A pandemia fez com que muitos de nós voltassem de Campinas, para nossas cidades de origem ou fossem morar em outros locais. Construímos novas rotinas e assumimos outros compromissos, com isso, a grande maioria do grupo não conseguiu estar presente. Mas, nesse dia, eu (Fernando), Daniela e Michelle estivemos ali, ao lado do Teatro de Arena na Praça da Paz, na UNICAMP, com o objetivo de esperançar uma volta às atividades presenciais. Estacionar o carro distante de onde combinamos de nos encontrarmos, foi a tática que adotei para me permitir ser tocado por aquele lugar que há tempos não visitava. Até chegar no local combinado, percorri um campus vazio de gente. Algumas poucas pessoas caminhavam pela Unicamp ou sentadas pelos bancos pareciam esperar o tempo passar. Quando cheguei, Daniela e Michelle estavam sentadas no gramado ao lado do Teatro de Arena esperando por mim. Cheguei alguns minutos depois do combinado, pois me distraí na caminhada pelo campus. Logo que chegamos, compartilhamos alguns acontecimentos de nossas vidas nesses dois anos de pandemia e Daniela propôs uma atividade com a utilização de equipamentos de gravação de áudio. Para essa atividade, captamos o som ambiente e, após realizarmos um alongamento dos nossos corpos, fechamos nossos olhos e, por alguns minutos, ouvimos aquele lugar em que estávamos. Abrimos nossos olhos e gravamos, em áudio, nossas vozes contando sobre as impressões e sensações diante da atividade. Nossos ouvidos captaram o som de passarinhos, um avião passando, carros um pouco mais ao longe. Imaginamos/ouvimos passos tímidos por entre as folhas caídas no gramado. Sentimos falta do som das conversas, dos batuques, da movimentação intensa de pessoas pelo campus, características comuns dos campus universitários em tempos não-pandêmicos. Ao final da atividade, recebemos um lanchinho individual preparado pela @maosdajuci e nos despedimos com o desejo de um 2022 de (re)encontros.

Descrição da imagem: três fotografias e em cada uma delas, Fernando, Daniela e Michelle sentados no gramado.
Créditos: Fotografias de Fernando Camargo.

 

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