Fast science, silenciamento e a mudança do clima

Ciência e política não se misturam. Esta é uma ideia fundante da sociedade moderna. A ciência é a tradutora da natureza, lugar dos fatos encerrados, já a política é o lugar da ideologia e dos interesses. Mas, como bem demonstrou o filósofo da ciência, Bruno Latour, esta divisão é uma impossibilidade, afinal, a ciência é só mais uma atividade humana como tantas outras. De todo modo, a ciência se organizou a partir desta separação. Determinou uma divisão de tarefas que permitiu a aceleração da produção técnico-científica, já que colocou a ciência em uma posição privilegiada com liberdade e independência para desenvolver o que os cientistas quiserem, sem considerar as consequências desses produtos científicos quando deixam os espaços de produção. A palavra de ordem deste tipo de ciência é não desacelerar. Esta é a fast science, que ajudou a construir e referendou um modelo de desenvolvimento insustentável, que nos leva à destruição das condições de vida do planeta.

Neste texto, produzido para a disciplina de Estudos Culturais das Ciências, ministrada pela professora Daniela Manica, proponho uma reflexão sobre os impactos da fast science, seu processo de silenciamento e as consequências para o desafio de construir um outro futuro, que escape da barbárie.

Legenda da imagem: Fotografia próxima de musgos em um tronco de árvore. Créditos da imagem: Etienne Delorieux.

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